Modelos matemáticos avaliam uso de transporte em São Carlos
segunda-feira, 15 de agosto de 2011Pesquisa da Escola de Engenharia da cidade de São Carlos (EESC) da USP analisou usuários de ônibus e carros na cidade para descobrir potenciais utilizadores de transporte público, ou seja, quem trocaria seu meio de locomoção particular pelos ônibus, constatando-se que áreas com grande densidade populacional são as mais propensas a isso. O estudo, intitulado Explorando técnicas para a localização e identificação de potenciais usuários de transporte público urbano foi a dissertação de mestrado de Victor Frazão Barreto Alves, inspirado em trabalho semelhante realizado em cidades da Holanda.
Segundo o engenheiro, São Carlos foi a cidade escolhida por ter os dados necessários disponíveis, como renda, disponibilidade de carros e número de linhas de ônibus disponíveis em uma distância de até 350 metros da residência. Estes dados foram obtidos em duas pesquisas prévias: Origem e Destino, que captou informações sobre os itinerários e o uso do transporte pelos cidadãos, e a uma pesquisa de opinião a respeito do transporte público. Foram entrevistadas 1.292 pessoas.
Alves utilizou duas ferramentas matemáticas (Logit e Redes Neurais Artificiais) para realizar os cálculos. No modelo das Redes Neurais os dados foram analisados individualmente, dando uma ideia melhor sobre a cidade como um todo, enquanto o modelo Logit, que organizou os dados por códigos postais, deu um panorama das áreas específicas. O modelo de Redes Neurais apresentou um desempenho ligeiramente superior. Alves acredita que os dados de São Carlos acabam refletindo a situação brasileira, mas que seriam necessárias mais pesquisas em outras cidades para a amostragem confirmar um padrão.
As varíaveis utilizadas para análise foram a disponibilidade de automóvel, o nível de instrução, tamanho da família, status social, tipo da família, distância ao centro, distância à rodovia, número de linhas de ônibus disponíveis em 350 metros, densidade e razão do tempo de viagem (divisão do tempo de uma viagem de ônibus e o tempo de uma viagem de carro). O estudo concluiu que o maior potencial de atrair usuários para transporte público está em, além das áreas com alta densidade populacional, em regiões com disponibilidade de automóvel menor que 100% (ou seja, quando há mais pessoas do que carros em uma residência). As áreas que atualmente não têm linhas de ônibus também têm grande potencial de atração de usuários para o sistema de transporte público, caso este seja implantado. Já entre as áreas que pretendem aumentar o uso do transporte público, mas que já o possuem, destacam-se as regiões mais pobres da cidade e com domicílios com mais de quatro pessoas.
Uso racional do dinheiro
O pesquisador destaca que o método utilizado é novo, e por isso precisa de refinamento. Segundo ele, o objetivo da ferramenta, e também sua maior utilidade, é testar a mudança no comportamento dos usuários antes de realizar qualquer intervenção no sistema. Assim, as medidas tomadas depois serão mais inteligentes e já se baseariam em dados prévios. Além disso, medidas preventivas poderiam ser tomadas para minimizar antecipadamente eventuais efeitos negativos.
Se a pesquisa só foi feita em São Carlos por causa da disponibilidade de informação, Alves ressalta e sugere a aplicação em outras cidades, a fim de um diagnóstico mais preciso a respeito do transporte público no Brasil. Além disso, os gestores municipais estariam em condições de testar uma situação, ao menos teoricamente, antes de investir dinheiro nela. Assim, os recursos disponíveis, normalmente escassos, seriam usados racionalmente e de forma mais eficaz.
Fonte: O Repórter
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